Baixa adesão ao processo 18A leva a mudança de estratégia

A Intel decidiu rever sua estratégia de fabricação de chips ao deixar de promover seu processo de produção mais avançado, o Intel 18A, para clientes externos. A decisão teria sido motivada pelo baixo interesse do mercado, de acordo com fontes ouvidas pela agência Reuters. A empresa agora volta suas atenções para o desenvolvimento e a comercialização do sucessor, o Intel 14A.

O processo 18A foi inicialmente lançado como parte de um plano ambicioso que visava alcançar cinco avanços tecnológicos em quatro anos, com a expectativa de recolocar a Intel em posição de destaque frente às rivais TSMC e Samsung. O ex-CEO Pat Gelsinger apostava firmemente nesse projeto. No entanto, seu sucessor, Lip-Bu Tan, estaria considerando abandonar a oferta do processo 18A para terceiros, diante da dificuldade de atrair clientes relevantes para os serviços de fundição da empresa (Intel Foundry Services – IFS).

Poucos clientes, altos investimentos

Até o momento, apenas Amazon e Microsoft foram mencionadas como grandes clientes do processo 18A, mas os volumes adquiridos por essas empresas não foram divulgados. Internamente, a Intel continuará utilizando o 18A para seus próprios produtos, como os chips Panther Lake (voltados ao consumidor) e Clearwater Forest (para servidores). A empresa já havia admitido publicamente que seria a principal usuária da tecnologia.

Apesar das promessas de desempenho do 18A, analistas já sinalizavam que o processo dificilmente atrairia clientes externos em larga escala. Isso levanta dúvidas sobre o retorno dos bilhões de dólares investidos pela Intel na criação da tecnologia e na ampliação de sua capacidade produtiva.

Intel 14A: nova esperança com foco no cliente

A aposta da Intel agora recai sobre o Intel 14A, cuja produção experimental deve começar ainda em 2025, com fabricação em larga escala prevista para 2026. Esse novo processo utilizará litografia EUV com abertura numérica de 0,55 (High-NA), representando uma inovação em relação ao 18A. A proposta da empresa é adaptar melhor esse processo às demandas do mercado, corrigindo críticas anteriores de que as tecnologias da Intel eram desenvolvidas apenas com foco em seus próprios chips.

Durante o evento Direct Connect 2025, a companhia destacou os planos para o 14A e o 18A-P como evolução do 18A, apresentando comparações diretas com tecnologias anteriores que reforçaram a imagem positiva dos novos projetos.

Restauração da confiança é fundamental

Mesmo com as inovações no papel, a Intel precisa provar que seus novos processos serão eficientes na prática. Produtos como Panther Lake e Clearwater Forest terão papel crucial nesse processo, já que os erros acumulados nos últimos anos minaram a confiança do mercado na capacidade da empresa de executar suas promessas.

A própria Intel reconhece que reconquistar a confiança de clientes é uma das tarefas mais difíceis – e fundamentais – para assegurar o sucesso da divisão de fundição no longo prazo. A empresa sabe que só com resultados concretos será possível atrair novamente grandes parceiros e consolidar sua presença como fornecedora de chips de ponta.